presself, 2020
presself é um vídeo realizado durante o primeiro lockdown da pandemia logo após março de 2020. o contexto fez refletir sobre a própria existência em vários níveis, e o olhar para dentro foi um dos pretextos para pensar na figura símbólica da mulher na cultura popular ocidental, muitas vezes sujeita a idealizações de beleza e conduta moral. nesta performance caseira, fiz uma leitura sobre a besta, criatura que se esvai e se excede em sua verdadeira natureza. o batom sobre os lábios a expandir-se para todo o rosto, cria uma pintura grosseira e despretensiosa, que imprime-se na membrana, em observação ao toque da pele do seu rosto sobre a superfície. “impressão” é uma palavra que surgiu com a ação, seguida por “causar boa impressão”, resultado dos esforços do papel imposto à mulher em seguir agradável, dócil e consequentemente oprimida. na maior parte das vezes essa frase tem um efeito contraditório à existência da mulher (mulher aqui compreendida nas mais diversas formas de existência e subjetividade), esse ser tão fluído, curioso, que se explora emocionalmente e sentimentalmente de forma livre e espontânea, que busca constantemente transformar-se a si. a cor vermelha representa: energia, poder, vitalidade, vibração, calor, saúde, presença, sangue. Sobre essa última palavra, reflito também sobre o fato de que ‘mulher’ e ‘sangue’ possuem relações muito fortes, seja pelo ciclo menstrual, ao parir, em causa de procedimentos estéticos invasivos, seja por violência. em resultado da experiência, reforço o desejo de não ser meramente uma portadora de agradável beleza mas alguém que contamina com a sua arte, e busca experimentar inúmeras formas de ser e estar, ao não se conter nem se contentar, e fazer da sua própria pele (se for preciso) instrumento de criação e vida, e ter a consciência da totalidade micro e macro de ser.
presself, 2020
pressself is a video made during the first lockdown of the pandemic shortly after March 2020. the context made us reflect on our own existence on several levels, and looking inward was one of the pretexts to think about the symbolic figure of women in western popular culture, often subject to idealizations of beauty and moral conduct. In this homemade performance, I gave a reading about the beast, a creature that vanishes and exceeds its true nature. the lipstick on the lips expanding to the entire face, creates a rough and unpretentious paint, which is printed on the membrane, observing the touch of the skin of your face on the surface. “impression” is a word that came up with the action, followed by “make a good impression”, a result of the efforts of the role imposed on women to remain pleasant, docile and consequently oppressed. most of the times this phrase has a contradictory effect on the existence of women (woman understood here in the most diverse forms of existence and subjectivity), that being so fluid, curious, that explores emotionally and sentimentally freely and spontaneously, that seeks constantly transforming itself. the red color represents: energy, power, vitality, vibration, heat, health, presence, blood. On this last word, I also reflect on the fact that ‘woman’ and ‘blood’ have very strong relationships, whether due to the menstrual cycle, when giving birth, due to invasive aesthetic procedures, or through violence. as a result of the experience, I reinforce the desire to be not merely a carrier of pleasant beauty but someone who contaminates with her art, and seeks to experience countless ways of being and being, by not holding back or being content, and making her own skin. (if necessary) instrument of creation and life, and to be aware of the micro and macro totality of being.